ATA DA CENTÉSIMA VIGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 01.11.1989.
Ao primeiro dia do mês de novembro do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Vigésima Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Antonio Hohlfeldt, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Nelson Castan, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo, e Antonio Losada. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Airto Ferronato que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Centésima Décima Oitava Sessão Ordinária, da Declaratória da Centésima Décima Nona Sessão Ordinária, e da Qüinquagésima Sessão Solene, que deixaram de ser votadas face à inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Airto Ferronato, 02 Emendas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 14/89 (Proc. 2702/89); 01 Emenda ao Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 13/89 (Proc. 2701/89); pelo Ver. Nelson Castan, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Vieira da Cunha, 01 Pedido de Informações; 15 Emendas ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 07/89 (Proc. 1485/89). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n°s 148/89, do Dep. Federal Euclides Scalco; 442 e 444/89, do Gabinete do Sr. Governador do Estado do Rio Grande do Sul; 624/89, do DEMHAB; e 737/89, da Secretaria Municipal da Cultura. Ainda foram apregoados os seguintes Projetos de Lei do Executivo de n°s 84/89 (Proc. 2920/89); 85/89 (Proc. 2921/89); 86/89 (Proc. 2922/89); e 87/89 (Proc. 2923/89). A seguir, tendo sido constatada a existência de “quorum”, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. José Alvarenga e do Ver. José Valdir, solicitando Licença para Tratar de Interesse Particular na data de hoje. Em prosseguimento, o Sr. Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Antonio Losada, em substituição ao Ver. José Alvarenga, e, informando que S. Exa. já prestou compromisso nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Economia e Defesa do Consumidor. A seguir, o Sr. Presidente respondeu a Questões de Ordem dos Vereadores Vieira da Cunha e Adroaldo Correa, acerca dos critérios utilizados para o rodízio dos Oradores no período de Grande Expediente. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Flávio Koutzii, reportando-se a pronunciamento feito em outra ocasião pelo Ver. Dilamar Machado, denunciou “irregularidades administrativas” praticadas pela Administração do ex-Prefeito Alceu Collares quando da venda de terrenos do Município com a finalidade de financiar o Projeto Casas da Criança. Alertou que, pela análise dos documentos relativos a essa transação, se evidencia um prejuízo de cinco milhões de cruzados novos para o Município e que o Governo atual quer reavê-los através de cobrança do devido ao Município pelos compradores. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Airto Ferronato comentou a ausência de proposições, até o momento, para a Nova Lei Orgânica, alertando que tal não ocorre na Comissão que Sua Excelência preside. Anunciou a apresentação de vasto conjunto de proposições e discorreu, especialmente, sobre a que trata da alienação de imóveis. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Dilamar Machado reportou-se ao pronunciamento feito pelo Ver. Flávio Koutzii na tarde de hoje, afirmando não admitir sejam lançadas dúvidas sobre a lisura do Governo Municipal de Alceu Collares. Asseverou que a Bancada do PT, antes de acusar àquela Administração, deve aguardar as conclusões do Tribunal de Justiça, alertando ser contra o “processo de insinuação” que se instala na discussão dessa questão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Vieira da Cunha lamentou as acusações feitas pelo PT, afirmando ser tentativa de colocar em jogo a moralidade do Governo do PDT e apropinquando a questão com a proximidade da realização das eleições presidenciais e, ainda segundo S. Exa., diante do favoritismo que a candidatura do Sr. Leonel Brizola encontra neste Estado. Com relação aos Boletins publicados pelo PT, afirmou que são “inescrupulosos” ao atacarem a Administração do ex-Prefeito Alceu Collares. O Ver. Flávio Koutzii deu prosseguimento ao seu pronunciamento anterior, esclarecendo que a análise dos documentos, relativos à venda dos terrenos, evidencia a ocorrência de irregularidade, a venda do terreno pela metade do preço e o decorrente prejuízo financeiro ao Município. Reiterou que, também por parte do PT há indignações com relação a publicações do PDT, especialmente o que denomina o Prefeito Olívio Dutra de “traidor do povo”, afirmando se tratar de uma postura “demagógica”. A seguir, tendo sido constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Secreta, esteve o Veto Total ao Projeto de Lei do Legislativo n° 59/89 que, após ter sido discutido pelo Ver. Wilton Araújo, teve sua apreciação protelada tendo em vista a constatação de inexistência de “quorum”. Às dezesseis horas e onze minutos, tendo em vista a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de sexta-feira, à hora regimental e registrando a presença dos seguintes Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Décio Schauren, Flávio Koutzii, Adroaldo Correa, Gert Schinke, Giovani Gregol, João Dib, João Motta, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Wilson Santos, Lauro Hagemann, e Antonio Losada. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O
SR. VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu noto que no Grande Expediente há 3 Vereadores do PT e
mais o Ver. Lauro Hagemann do PCB. Eu me recordo que quando tínhamos discutido
em Plenário esta questão e decidido que nós procuraríamos fazer uma relação de
inscritos em Explicação Pessoal e Comunicações que permitissem o debate dos
assuntos e isto vinha sendo providenciado no Grande Expediente e também nas
Comunicações. E hoje eu vejo que nós voltamos à sistemática anterior. Então,
pergunto a V. Exª se houve uma revisão destes critérios ou se foi um equívoco.
O
SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Vereador,
a Diretoria Legislativa nos informa que o acerto que houve foi para as
Comunicações, não foi para o Grande Expediente.
O
SR. VIEIRA DA CUNHA: O Ver. Dilamar
Machado informa que nas Comunicações também houve o mesmo critério. Eu só
estranhei, Sr. Presidente, porque vinha sendo obedecido um rodízio entre os
partidos e hoje retornou à sistemática anterior.
O
SR. PRESIDENTE: Informa a Diretora
Legislativa que houve, realmente, um descontrole. Na próxima segunda-feira,
então, volta, já que começaram a acontecer as reuniões às segundas, terças e
quintas, o que não estava acontecendo.
O
SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): De acordo com a modificação que ia ser feita, havia a perda do período de
Comunicações para os inscritos, em função disso houve um retorno ao Regimento,
conforme a orientação anterior, antes de ter sido modificada pela proposta, do
Ver. Dilamar Machado, que foi posta em prática, visto que ocorreram constantes
transposições de ordem dos trabalhos e as comunicações sempre eram postergadas
com a perda do período de Comunicações pelos oradores, pelo que se retornou ao
método anterior.
O
SR. PRESIDENTE: Informa a Diretora
Legislativa que não foi por este motivo, foi apenas um descontrole, pois
estávamos ocupando os espaços de terça e quinta para a Lei Orgânica, e depois
coincidia que, quando chegava nas Comunicações, não havia “quorum”. Então houve
uma pequena confusão, mas na próxima segunda-feira voltamos ao que havia sido
tratado.
Passamos
ao
O primeiro
orador é o Ver. João Motta, que faz transposição de tempo com o Ver. Flávio
Koutzii.
O
SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, como nós havíamos prometido e nos havia solicitado o Ver.
Dilamar Machado, nós vamos esclarecer as questões que nós anunciamos quando de
nossa última intervenção da tribuna na segunda-feira. Eu gostaria de adiantar
que se trata de matéria já adiantada por uma coletiva, ontem, do Prefeito em
exercício, e, mais do que isso, por um processo já entregue ao Tribunal de
Contas. E, mais do que isso, por um convite feito aos compradores dos terrenos
da Loureiro da Silva que, segundo nosso entendimento e segundo análise rigorosa
feita, não foram pagos no seu devido valor, também para uma tentativa de
discussão amistosa, no sentido de recompor a parte que, por um entendimento e
responsabilidade do governo anterior, foi descuidada quando do fechamento do
preço final. Gostaria de dizer também que, dispondo deste tempo, eu vou tratar
de expor ordenadamente as questões e que ao final da minha exposição darei os
apartes que forem necessários, a tempo. Gostaria de iniciar recordando algumas
preliminares que me parecem ter muito a ver com esta questão. Eu recordo bem,
quando o Ver. Dilamar Machado, dessa mesma tribuna, veio com o famoso saquinho
das fichinhas, na mesma hora em que o processo se produziu, acusar a
Administração Municipal de roubo, de irresponsabilidade. Eu considero que essa
foi uma ação demagógica e irresponsável. O critério com que nós viemos hoje a
essa tribuna, que é uma documentação substantiva para colocar a nossa denúncia,
não foi o mesmo critério usado naquela ocasião. Desencadeado o fato,
imediatamente se deu como verdade o que claramente depois ficou demonstrado no
próprio parecer da Justiça se tratar evidentemente de um lado de uma armação
política e de uma afirmação incorreta, injuriosa e que visava efetivamente
denegrir e desqualificar, e eu mesmo dessa tribuna falei que era uma linguagem
indecente, inaceitável aquela que tentava transformar alguns Secretários e o
Prefeito num grupo que se associava para desviar fichinhas. É muito importante
isso. Porque há várias maneiras de se discutir situações delicadas, uma delas é
tomar com toda a responsabilidade os elementos que podem permitir num momento
fazer certo tipo de afirmação, ou certo tipo de encaminhamento judicial.
Lembro-me também – isso tem tudo a ver com a dinâmica que se criou aqui na
Câmara, e quem foi que desencadeou isto –, eu acho extremamente importante
reconstruir, tem que ver, por exemplo, com a questão da Lancheria do Alemão,
onde com muito afinco alguns Vereadores se preocupavam em verificar se havia
algum tipo de irregularidade, tal relacionada com o tema de um sanduíche de 3
cruzados, mas que evidentemente tinham o endereço certo. O endereço é provocar,
a partir de pequenos fatos, a desmoralização da ética e do comportamento de um
governo. Um governo pode ser combatido politicamente: isso é um direito de
todos, mas a técnica do desgaste pelo lado do comportamento moral, quando na
verdade ela não passa de uma cortina de fumaça, essa nós contestamos. E desta
forma nós nunca nos comportamos. Este é um dado importante para colocar no dia
de hoje.
Na
semana passada, o Jornalista Políbio Braga fez insinuações claras na sua coluna
sobre eventuais coisas obscuras que estariam ocorrendo na EPATUR, e ele
desencadeou isso, e uma correspondência feita pelo Sr. Prefeito em relação a
esse tema não mereceu maiores considerações do que um parágrafo irônico,
pretensioso e, na verdade, desconsiderado, para não falar em alguns outros
temas como insinuações, inclusive algumas concernentes às minhas próprias
responsabilidades que eu já avaliei desta tribuna. Recordo também – e isso não
concerne ao Ver. Dilamar Machado, nem ao PDT – o carnaval permanente que o Ver.
Artur Zanella faz com o tema do hotel no lugar onde se hospedaram os 4 ou 5
técnicos que vieram transmitir a sua experiência, a partir da experiência da
intervenção Mário Covas, e que nós requeremos deste ponto de vista. Podiam ter
ficado naquele hotel como noutro; certamente ficariam em hotéis de qualidade. O
que é isto? Senão eu acho uma desaforada exploração que muito antes de analisar
um projeto político combatendo-o pelas suas raízes e pelas suas proposições
fundamentais, tentar passar para a população uma noção desqualificadora de que
se trata de uma liberalidade, de que se trata de uma irresponsabilidade, e de
que se trata de um dolo. Estou recordando isso porque este comportamento tem
sido muito marcado em vários momentos aqui por um ou por outro Vereador deste
ou daquele Partido, e eu enumero os fatos para não fazer injustiça a ninguém.
Mas o que eu queria dizer, e me interroguei muito, até pessoalmente,
intimamente. Pensei: o que é que há com a Bancada do PT, e especialmente com o
seu Líder, que tem um procedimento diferente frente a essas questões? Será que
nós somos bobos? Ou será que nós somos criteriosos? Será que nós somos
ingênuos? Ou será que nós temos uma ética que não se quebra mesmo no momento de
uma confrontação política? É muito fácil fazer um pequeno escândalo sobre qualquer
questão, e eu elenquei algumas. É muito mais sério e importante – e, se for o
caso, se deve fazer – uma crítica montada em documentação e provas. E apesar de
ter feito esse auto-exame, cheguei à conclusão de que o Partido dos
Trabalhadores e a sua Bancada devem ficar com o seu método, com a sua maneira
de ser, com a sua maneira de trabalhar esse tipo de questão e que há longo
prazo talvez as coisas venham a nos gratificar, na medida em que esse tipo de
conduta sempre acaba sendo compreendido, reconhecido e respeitado.
No
tema de hoje, eu me refiro à questão do Projeto das Casas da Criança, Projeto
conhecido e aprovado nesta Casa, na Legislatura anterior e aprovada igualmente
a decisão de venda de 10 terrenos para garantir, do ponto de vista de recursos,
a implementação do Projeto no ano de 1988. Iniciado o processo de licitação
para venda desses terrenos, houve uma evidente dificuldade na medida em que
sucessivos editais não tiveram resposta nem interesse de compradores. A partir
de um certo momento, 4 terrenos foram vendidos e restaram 6, os quais eram
apregoados em sucessivos editais para venda e não encontravam resposta. O
primeiro edital, em 25 de janeiro de 1988; o segundo, em 04 de março de 1988; o
terceiro, em 15 de abril de 1988; o quarto, em 06 de junho de 1988, o último,
em 04 de agosto de 1988. Qual é o problema que apareceu nos estudos que a
Prefeitura encomendou para avaliar as questões que, no nosso entender,
representavam indícios de irregularidade? A primeira questão que foi averiguada
é que no último edital, o de 04 de agosto de 1988, já houve uma novidade na
medida em que ele não foi acompanhado de um laudo oficial da SMOV. Todos os
editais anteriores tinham o valor mínimo e sua equivalência em OTN’s. Nesse
quinto edital, se colocava o valor mínimo, cento e setenta mil cruzados novos,
em relação à área edificável, e mais sessenta e três mil em relação ao eventual
acréscimo de índice, o que dava duzentos e trinta e quatro mil cruzados novos.
Não havia indicação de conversão em OTN, mas o edital mantinha sua regularidade
à luz da lei, na medida em que indicava, no item 8,2 que a operação que fosse
realizada seria devidamente oteenizada no momento do fechamento do negócio, da
venda ou da transferência desse terreno do Município para aquele futuro
proprietário que se interessasse por ele. Portanto, o que é novo, mas,
relativamente secundário, é que dessa vez muda-se a sistemática e não o laudo
oficial da SMOV que vinha acompanhando esse processo. O que também vai-nos
chamar a atenção é que em 26.09 há uma correspondência, do então Secretário
Políbio Braga, que comunica ao Prefeito que as possibilidades de proposta
haviam finalizado em 12 de setembro. Até ali nada havia sido proposto e, depois
desse prazo aparecem propostas, inclusive na proposta a indicação de que a
empresa proponente se dispunha a agregar, na medida em que o tempo havia
passado, mais 20% sobre o valor solicitado pela Prefeitura na oportunidade o
que levaria a comprar pelo valor de 280 mil cruzados, correspondente, então, na
época, a 117 mil OTNs. É absolutamente legal o procedimento da Prefeitura do
ponto de vista de que, esgotada uma série de editais e não havendo
interessados, a Lei prevê o direito de uma transação direta da Prefeitura com o
interessado, respeitados os valores estabelecidos na oportunidade do edital ou
o seu reajuste oteenizado. O que evidentemente vai chamar a nossa atenção,
fortemente, são vários aspectos que cercam as circunstâncias finais desse
processo. Em primeiro lugar, o fato de que a CAI (Comissão de Alienação de
Imóveis) foi marginalizada do processo. A Secretária de Educação de então,
Neuza Canabarro, chamou a si a condução desse processo formando uma Comissão
Especial designada por ela. É um dado importante porque essa Comissão não é uma
Comissão ornamental.
O
SR. PRESIDENTE: Ver. Flávio
Koutzii, o Ver. Lauro Hagemann cede seu tempo a V. Exª.
O
SR. FLÁVIO KOUTZII: Muito obrigado.
Bem, essa é uma questão importante, a Comissão de Alienação de Imóveis foi
alijada desse processo e por isso foi feito sob a responsabilidade de uma
Comissão Especial nomeada pela ex-Secretária Neuza Canabarro. Segundo aspecto:
depois de uma sucessão de editais não respondidos há uma passagem muito
complicada e obscura porque, segundo a sistematização que podemos fazer do “dossiê”,
tínhamos o seguinte: a empresa Open ofereceu uma proposta dentro do prazo,
segundo as indicações protocolares, exatamente no último dia do prazo, dia
12/09, embora isso só tenha sido protocolado no dia 03/11 e ela ofereceu a
quantia proposta pela Prefeitura em 04 de agosto, de NCz$ 234.000,00. Ao mesmo
tempo uma outra empresa, a HS, oferece em proposta da qual não se encontra
protocolo na Prefeitura, mas que é datada de 11 de outubro, uma proposta de
NCz$ 240.000,00, ou seja, cinco mil cruzados novos a mais que a proposta da
Open. Outra coisa irregular e obscura é que, segundo documentação da própria
Prefeitura de então, todos os futuros compradores dos terrenos que vieram
depois tinham protocolado suas propostas no dia 10 de setembro, dois dias antes.
Aqui há uma questão vital para analisar; ou essas propostas foram esquecidas
providencialmente numa gaveta ou essas informações são completamente falsas.
Nós teríamos que examinar, mas nós temos os documentos de cada uma dessas
propostas, os compradores entraram com seus pedidos no dia 10 de setembro,
então aqui tem uma questão muito complicada: como é que a Prefeitura procede se
ela tinha propostas dia 10, como é que dia 12 considera que não houve propostas
e que, portanto, o tipo de encaminhamento a fazer – e aí sim autorizaria – é
evidentemente a negociação direta e não a subordinação ao mecanismo do Edital
original. Há aqui uma flagrante irregularidade.
Frente
às duas propostas, o Sr. Secretário da Fazenda considera que a empresa HS é a
que deve ser escolhida porque ela paga cinco mil cruzados a mais. O Secretário
consulta o Prefeito e o mesmo opina que, na verdade, quem deveria vencer a
concorrência é a OPEN, porque a OPEN, no ponto de vista de prazo, havia entrado
com a proposta no último dia, e a HS havia entrado com sua proposta depois do
último dia do edital. E insiste para que o encaminhamento seja reconsiderado, e
inclusive a empresa seja notificada, a Open, no sentido de refazer a proposta
que alcançasse o nível da HS, que estava desqualificada por uma questão de
prazo, segundo entendimento do Sr. Prefeito. Neste relatório o Procurador
Armando José Perin demonstra, com seu conhecimento, uma estranheza com relação
às datas que estas propostas foram feitas e, inclusive, a HS que acabou sendo
preterida apresentou uma caução de 10%, pagando e depositando. Mas nenhum
processo posterior acabou considerando a posição do Prefeito que opta pela
OPEN, na medida que vincularam a questão legal, que foi ela a única que cumpriu
o prazo.
Depois
de algumas marchas e contramarchas a HS propõe a última tentativa no dia 15 de
dezembro, NCz$ 280.000,00. E a OPEN no dia 29 de dezembro faz uma oferta final
e definitiva de NCz$ 290.000,00, explicando que sua oferta só vai até aí,
porque acha que a demora do processo é de responsabilidade da Prefeitura e não
se responsabiliza por uma correção monetária correspondente ao mês de novembro
e dezembro.
O
que é importante ressalvar, e o que nos levou a este procedimento e a esta
denúncia: Vejam bem, Srs. Vereadores, os valores estipulados no dia 04 de
agosto não foram mais mexidos. Os valores eram na quadra 9, lote único, que é o
lote do qual estou falando todo o tempo, o que constava no edital do dia 04 de
agosto era o seguinte: O valor mínimo de NCz$ 234.000,00, em OTNs 118.120, valor
pago pelo comprador, 290 mil cruzados novos, em OTNs 60.595, perda do Município
57.540 OTNs. Se nós colocarmos isso em cruzados, a equação seria essa; os 234
mil, que era o valor mínimo que a Prefeitura pedia em agosto, seriam 565 mil,
em dezembro, quando a operação foi fechada. Há uma perda significativa, e o
mesmo mecanismo numa escala menor, nos outros cinco terrenos, leva a uma perda,
na quadra 5, lote 4, de 4.700 OTNs; na quadra 5, lote 2, perda 3.156 OTNs; na
quadra 3, lote 2, 3.473 OTNs; quadra 3, lote 4, 4.116 OTNs, e a quadra 3, lote
6, 8.043 OTNs, no caso, a metade do valor mínimo apontada pelos próprio estudos
da Prefeitura. É grave isso, e por quê? Porque se nós olharmos o cenário que
levou a isso, vamos ver que tem muita coisa, é como um jogo de xadrez, onde as
peças são depositadas com toda uma lógica e homogeneidade; marginaliza-se a
CAI, a partir de um certo momento, SMOV não faz mais a avaliação dos terrenos,
os editais sucessivamente não são respondidos, e não é responsabilidade da Prefeitura,
tem no último uma passagem muito delicada, consta que havia propostas do dia
10, expirava o prazo dia 12, e isso não é levado em conta, e passa a se
configurar a situação de que não havia propostas, e se elas não existiam, passa
a valer a negociação direta, e a negociação se estende por alguns meses, é
natural, mas o mecanismo previsto em lei é incontornável, do reajuste da
oteenização, cai do caminho, ele não aparece e produz um dano financeiro
inquestionável ao Município. Mas há uma outra coisa que me chama a atenção, é
que parece um jogo de pedrinhas que se encaixam perfeitamente, porque nesses
seis terrenos, tirando este da quadra nove, o mais importante, o de mais valor,
onde duas empresas disputam a compra, em todos os outros só tinham candidatos.
É significativo, porque todo o mecanismo construído vai desembocar numa lógica
em que vai se produzir, e evidentemente que isto é um fato grave, senão não
estaríamos aqui, porque jamais subimos a esta tribuna para fazer afirmações
oportunistas, levianas, irresponsáveis e, sobretudo, antes de ter elementos
para sustentar o que fazemos aqui. Então, Srs. Vereadores, o que foi a ênfase
das matérias de jornais que refletiram a Coletiva de ontem foi a decisão da
Prefeitura de conversar com os empresários, compradores, mostrar o mecanismo
que se desenvolveu e propor a eles a complementação, o pagamento da parte não
paga do valor mínimo estimado na época oteenizado. E nós esperamos que este
entendimento possa se fazer, porque ele representa, no dia de hoje, cinco
milhões de cruzados novos.
O
Sr. Elói Guimarães: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Flávio Koutzii, há uma denúncia
objetiva feita, hoje, pelo Prefeito em exercício, Tarso Genro e V. Exª, da
tribuna, desenvolve e examina a denúncia. É uma denúncia grave que haverá de
receber o maior exame desta Casa. Outra questão que eu diria a V. Exª é que eu
não vejo por que fazer a relação entre atitudes, comportamentos das Bancadas
com a denúncia. Ela vale por si. Se há uma questão que nós não podemos jamais
transacionar politicamente é na questão da dignidade. Ela se evidencia por si.
Outra questão é do Boletim, o Boletim distribuído pelo PT, que concentra todo
um processo difamatório. Fica difícil de responder. Evidentemente gostaria de
dizer a V. Exª que em nível particular vamos examinar profundamente. Nós
queremos toda a verdade. Temos absoluta confiança e certeza na administração do
Prefeito Alceu Collares, que é um homem digno e jamais poderíamos admitir que
S. Exª, o Prefeito Municipal, deixasse passar qualquer coisa que não fosse
correta e digna.
O
SR. FLÁVIO KOUTZII: Vereador vou me
desculpar com o Ver. Vieira da Cunha e dizer que acolho o aparte de V. Exª, e
quero deixar claro que no meu entendimento, nas sucessivas avaliações que fizemos,
configura-se este dossiê com extrema gravidade. Há uma coisa acusatória e que
deverá ser investigada profundamente. Eu não estou me dirigindo individualmente
aos Vereadores, acho que este é um problema político. Mantenho o fato de que o
tempo que usei no início, ele tem um sentido profundo para mim, mesmo que
divirjamos. Acho que esta é uma responsabilidade central. Se subo aqui para
sustentar que no meu entendimento existiram irregularidades e construo dentro
dos meus limites e um pouco da chatice que é falar de números um quadro com
desvios para mim evidentes, é isto que vim dizer da tribuna. Só o faço quando
tenho subsídios sérios.
O
Sr. João Dib: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de saber o nome do comprador dos
outros cinco terrenos.
O
SR. FLÁVIO KOUTZII: Um comprador é
Golbert Emprendimentos Imobiliários, Marisa Borchenizan, Golbert
Emprendimentos, Efraim Fishman, Constoi Emprendimentos, outro, e a Open. Muito
obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Requerimento de
autoria do Ver. José Alvarenga, de pedido de Licença para Tratamento de
Interesses, e do Ver. José Valdir, assunto de ordem pessoal. Os pareceres são
do Ver. Adroaldo Corrêa e assinados pelos demais companheiros, Vereadores que
compõem a Mesa. Em votação os dois Requerimentos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que os aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADOS.
Assume
o Vereador Suplente Antonio Losada em substituição ao Ver. José Alvarenga.
Declaramos V. Exª empossado. Vai fazer parte da Comissão de Economia e Defesa
do Consumidor.
No
lugar do Ver. José Valdir assume o Ver. Heriberto Back.
O
próximo Vereador inscrito é o Ver. José Alvarenga; Ver. José Valdir; Lauro
Hagemann; Leão de Medeiros e Letícia Arruda.
O
SR. FLÁVIO KOUTZII (Questão de Ordem): Na medida em que o Ver. Heriberto Back substitui um dos dois Vereadores
do PT, hoje, e pela ordem alfabética, não seria ele?
O
SR. PRESIDENTE: Nós já temos a
orientação da Diretoria Legislativa e a seguir segue na ordem. V. Exª vai notar
que os oradores do dia 06 são os seguintes: Leão de Medeiros, Letícia Arruda,
Luiz Braz e Luiz Machado. É a ordem alfabética. José Valdir, depois vem Lauro
Hagemann, é a ordem alfabética. O próximo orador seria o Ver. Leão de Medeiros,
em Grande Expediente; a seguir, seria a Verª Letícia Arruda.
A
Mesa apregoa os seguintes Projetos: PLE n° 084/89, que autoriza o Município a
transferir imóvel de sua propriedade ao DEMHAB e dá outras providências; PLE n°
085/89, que autoriza o Executivo a vender imóveis de propriedade do Município
para Antônio Magno e outro e permutar, com o mesmo, parcela de imóvel atingido;
PLE n° 086/89, que declara de utilidade pública o Centro Arquidiocesano de
Promoção à Empregada Doméstica; e PLE n° 087/89, que autoriza o Executivo a
firmar Termo de Compromisso com a CEEE para a construção de ponte sobre o
Arroio Dilúvio e dá outras providências.
Com
a palavra, o Ver. Airto Ferronato, em tempo de Liderança.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, ocupo este espaço de Liderança para dizer que,
hoje em “Zero Hora”, constou: “o vazio de proposições, até agora, para a Lei
Orgânica do Município fez a Comissão de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
da Câmara, que se dedica a aprovar um programa de palestras”. Nós gostaríamos
de dizer que, especificamente, na Comissão que eu presido não há este vazio,
há, isto sim, um completo cheio. E dizer que apresentei uma proposição para a
Comissão de Orçamento e Finanças com 28 artigos e dezessete páginas escritas, à
exceção, não contando, as Exposições de Motivos. Portanto, eu não sei se
apresentei uma Proposição, 50, 30 ou vinte e oito, eis que nós pretendemos com
isso apresentar uma proposta completa na área de tributos, orçamentos e
finanças. Apenas para registrar uma delas, a Constituição Federal no artigo 182
parágrafo 4° diz que: “é facultado ao Poder Público Municipal, mediante lei
específica, para área incluída no Plano Diretor, exigir, nos termos de Lei
Federal, do proprietário do solo urbano não edificado, sub-utilizado ou não
utilizado, que promova o seu adequado aproveitamento sob pena de,
sucessivamente: 1. Parcelamento ou edificação compulsória; 2. Imposto
progressivo sobre a propriedade predial e territorial urbana; 3.
Desapropriação.” Nós apresentamos uma proposta que, atendida a Lei Federal, o
imposto seja progressivo no tempo. E progressivo de que forma? – Se não
edificado o imóvel nós, o Poder Público, aumentaria de um percentual X por ano,
definido em Lei Complementar do Município. Gostaríamos de ler que, além desta,
não incidiria esta progressividade: 1° - mediante lei específica, o Poder
Executivo poderá exigir, enquanto não edificado o imóvel, que o mesmo seja
transformado precariamente em praça temporária, cabendo à comunidade e/ou ao
Município a aquisição dos equipamentos para diversão infantil e sua conservação
e manutenção. Uma vez alienado o imóvel ou iniciada a sua execução, o Executivo
Municipal obriga-se a retirar os equipamentos existentes. Por que nós
entendemos que com esta proposta, que é simples, nós atenderíamos, em primeiro
lugar e principalmente, o terreno atenderia à função social; em segundo lugar
seria um benefício à coletividade no seu todo, eis que disporia de praças
temporárias em terrenos não edificados; em terceiro lugar, seria alguma coisa
que beneficiaria também o próprio proprietário do imóvel. Por quê? Por que uma
vez sendo utilizado como praça temporária não se aplicaria, não incidiria sobre
ele a progressividade, ele teria um benefício da não progressividade, garantia
da não ocupação clandestina; em terceiro lugar, o seu imóvel estaria cumprindo
a função social que será determinada segundo Lei Federal. Portanto, é uma das
propostas entre tantas que apresentamos. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o
Ver. Dilamar Machado, em Grande Expediente.
O
SR. DILAMAR MACHADO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, aprendi muito cedo na minha vida pública que um
Partido Político, a não ser dentro da visão do totalitarismo, da ditadura
militar que organizou um Partido de oposição e um Partido situacionista, é
muito mais do que um amontoado de fichas de registro nos Tribunais Eleitorais
ou nos cartórios das zonais ou nos diretórios, um partido político é feito de
seres humanos. E, normalmente, um partido político ao longo dos anos vai
depurando seus quadros, até que permaneçam atuando e representando o partido as
pessoas de melhor qualificação moral, de dignidade, de história, de trajetória
política. E, se pudesse qualificar dentro do Partido Democrático Trabalhista,
se é que isso fosse possível alguns mais e outros menos em termos de dignidade,
indiscutivelmente colocaria o Dr. Alceu de Deus Collares como um dos grandes
quadros da dignidade partidária do Trabalhismo do PDT. Tive a honra de
participar durante 15 vezes da Administração do meu Partido na Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, e não tive, não tenho e não terei a menor dúvida
quanto a honestidade, a dignidade pessoal de Alceu Collares. Quando eu vim a
essa tribuna na última segunda-feira, vim com a mesma indignação que permaneço
com relação à agressão verbal do Partido dos Trabalhadores ao PDT e aos seus
Vereadores, quando fala naquele lamentável “xiita”, equivocado e mau caráter,
folheto que nós do PDT cometemos “roubalheira” na Prefeitura Municipal, isto é
inadmissível, inaceitável e eu permanecerei durante todos os dias da minha
passagem por esta Casa cobrando do Partido dos Trabalhadores tal indignidade. O
que o Ver. Flávio Koutzii traz à tribuna no dia de hoje, após 10 meses de
administração, fruto de um estudo minucioso que qualquer administração séria
deve fazer quando tem dúvidas quanto à regularidade de algum Processo
Administrativo, também acho que o Partido dos Trabalhadores teve o melhor
caminho neste caso, encaminhou o assunto através de um dossiê completo ao órgão
superior para julgar atividades administrativas tanto desta Casa, quanto da
Prefeitura, tanto de qualquer Prefeitura, quanto do Governo do Estado, da
Assembléia Legislativa, do Poder Judiciário, Tribunal de Contas do Estado.
Perguntaria de pronto se há nessa Casa alguma dúvida quanto à integridade dos
Conselheiros do Tribunal de Contas, quanto à integridade desse Órgão, como
Órgão de consultoria e de julgamento de atos administrativos? O que me cabe
dizer, em primeiro lugar, é que conheço a história, conheço o Processo,
primeiro a própria entrevista do Vice-Prefeito Tarso Genro, quando diz, no
Correio do Povo, que a Prefeitura ameaça comprador de área, diz que os recursos
foram utilizados para a construção da Casa da Criança. Então, me parece que
isto que o Prefeito Collares fez, ao alienar esses terrenos absolutamente
inúteis, desnecessários para o Poder Público Municipal, sem recursos,
sabendo-se que o Prefeito Collares enfrentou as mesmas agruras que o Prefeito
Olívio Dutra enfrenta, pela falta de dinheiro para construir, para colocar
lâmpadas, para construir escolas e até pagar o funcionalismo do Município, que
o Prefeito Collares não agiu, ao alienar esses terrenos, por sua livre vontade,
com autoritarismo ou porque quis; ele encaminhou à Câmara Municipal um Projeto
de Lei, pediu autorização, recebeu da Casa autorização para que ocorresse a
venda destes terrenos. Na realidade, a maioria era sobra de um processo de
desapropriação da antiga Rua Arlindo, hoje Érico Veríssimo, e da atual
Perimetral, quando ocorreram construções, aberturas, as grandes Perimetrais,
inclusive a Érico Veríssimo. Dada a autorização, existe para qualquer pessoa
que tenha mediano conhecimento de administração pública uma série de
procedimentos de ordem legal, formal e necessários ao aperfeiçoamento de
qualquer negócio jurídico, que é a publicação de editais, de licitação, o que
não ocorre no exato momento com a administração popular do Partido dos
Trabalhadores que está comprando ônibus nas empresas sob intervenção, sem a
devida licitação, segundo a denúncia da Associação dos Transportadores de
Passageiros de Porto Alegre. Eu perguntaria aos companheiros do PT, quando eu
vim a esta tribuna e trouxe 2 saquinhos de fichas de vale-transporte, o que eu
mostrei à Casa? Mostrei que um saquinho era oriundo da Associação dos
Transportadores de Passageiros, de acordo com o convênio firmado com a
Prefeitura, que tinha um lacre, tinha uma inscrição e que era exatamente o
saquinho de fichas que era vendido legalmente, cujo dinheiro é repassado às demais
empresas, através do sistema chamado Copa. O outro saquinho, Ver. Adroaldo
Corrêa, não era lacrado, era grampeado, não foi feito na ATP e comprovava a
reutilização das fichinhas. O que ocorreu a partir dali? Eu não acusei o Ver.
Flávio Koutzii; não tenho o direito de dizer coisas que eu não disse, os Anais
da Casa, os registros taquigráficos estão aí, releiam meu discurso, Vereador,
se já o tem em mãos, aproveite e leia agora, se não o tem, eu providencio e
mando ao seu gabinete. O que eu disse na ocasião é que eu não acusava; pelo
contrário, não estava aqui para acusar nem o Prefeito nem ninguém da
Administração, mas que aquilo evidenciava uma gatunagem. Quem indiciou o
Secretário Jorge Buchabqui, o Presidente da Carris, Paulo Müzell, não sei se o
Secretário Hohlfeldt, 3 ou 4 Secretários da Administração, foi o Delegado de
Defraudações. Foram indiciados pela Delegacia especializada. Se o Poder
Judiciário não encontrou, no Inquérito Policial aberto, indícios necessários
para dar seqüência ao processo, muito bom! Nós ficamos felizes, porque, para
nós, seria muito duro, muito lamentável constatar de repente que alguém
investido no cargo de Secretário do Município estaria praticando atos que
lesassem os interesses da comunidade ou de particulares. A decisão foi do Poder
Judiciário, altamente respeitável, e eu espero que o Partido dos Trabalhadores
tenha a mesma consciência jurídica que nos acode neste momento, para aguardar,
já que o caminho tomado – caminho correto – foi o de encaminhar o Processo
através de um requerimento de investigação, ao Tribunal de Contas, que este
mesmo Tribunal determine se houve ou não irregularidade administrativa.
Irregularidade administrativa, Prefeito João Dib, pode ocorrer em qualquer
administração. Nenhum de nós é tão perfeito a ponto de fazer as coisas
absolutamente corretas, de acordo com o que está escrito no livrinho. Pode
ocorrer que um de nós, dirigindo um departamento, uma autarquia, uma
secretaria, de repente, até no afã de bem servir à comunidade, cometa o que se
qualifica de irregularidade administrativa e isso pode ser corrigido através de
várias formas, mediante orientação do Tribunal de Contas, que pode glosar ou
não determinadas rubricas ou alguns fatores de processos administrativos.
Agora, o que é inadmissível, o que é inaceitável, é que se use, como argumento
para assacar contra a Bancada e a Administração do PDT, a expressão chula e
rasteira de “roubalheira” e se traga um dossiê sobre documento de
irregularidade administrativa sob investigação, que está sendo colocado agora a
debate na opinião pública. E nós, da Bancada do PDT – o Ver. Elói Guimarães foi
muito feliz em seu aparte ao Ver. Flávio – temos o maior interesse em que isso
fique meridiana e tranqüilamente esclarecido para a comunidade de Porto Alegre.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Há 3 questões que gostaria de salientar a
V. Exª, porque guardo na parede da memória – como dizia o poeta – um quadro em
que V. Exª sacode um saco de fichas e diz: “Isto cheira à gatunagem”.
O
SR. DILAMAR MACHADO: Eu acabei de
repetir: “Isto cheira à gatunagem”, alguém praticou a gatunagem. Agora, se V.
Exª relê o outro quadro do longo poema – segundo sua visão – que fiz naquele
dia, verá que excluí, naquele momento, qualquer ofensa ou suspeita à
Administração do Município. Agora, que aquilo cheirava e continua cheirando à
gatunagem, não tenho dúvidas.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: Apenas para a
Justiça não, que mandou arquivar o Processo.
O
SR. DILAMAR MACHADO: Mandou
arquivar o processo contra o Secretário, mas alguém fez aquilo, Vereador. As
fichinhas não podem, sozinhas, entrar num saquinho, serem grampeadas e
revendidas! Alguém fez, agora, quem fez eu não sei até hoje, não sou policial.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: As fichas eram
de propriedade do Município. Outra questão que gostaria de salientar é que V.
Exª abraça, espontânea e livremente a tese que a ATP defende nos jornais
hoje....
O
SR. DILAMAR MACHADO: Não, não
abraço, Vereador, estou pedindo que V. Exª explique, estou pedindo que a
Bancada do PT explique a acusação que a ATP faz de que o PT está recebendo
comissão para comprar ônibus.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: Dir-lhe-ei, em
seguida, que esses ônibus foram comprados pelo proprietário da Trevo antes da
intervenção e que apenas foram saldadas as prestações necessárias para que eles
estivessem rodando, como já deveriam estar desde antes da intervenção. Essa é
uma questão que queremos colocar na sua intervenção para que não se abrace
antecipada, livre e espontaneamente uma causa que...
O SR.
DILAMAR MACHADO: Com licença,
Vereador, quero ler a notícia do “Correio do Povo”.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: Gostaria de
colocar só o terceiro aspecto: todas as empresas que se habilitaram a concorrer
pelos terrenos estavam com as habilitações na gaveta do Secretário antes que o
prazo encerrasse e a licitação não foi obedecida.
O
SR. DILAMAR MACHADO: Isso é o que
V. Exª está dizendo, é um julgamento subjetivo. O Tribunal de Contas vai-se
pronunciar a esse respeito. Encaminhei ao Tribunal de Contas um documento, e
estou aguardando a resposta, sobre a compra de uma informação, o que, no meu
ponto de vista jurídico, chama-se corrupção direta, passiva, ativa, seja o que
for, por parte do seu companheiro Antonio Hohlfeldt, que declarou que comprou,
de um dedo duro, uma informação por seis mil cruzados novos e pagou com o
dinheiro da Prefeitura ou das intervenções. O que diz o Correio do Povo,
através de uma notícia da ATP, é que também está em investigação o pagamento de
comissões sobre a compra de ônibus. Segundo Sá, gerente da ATP, os
interventores receberam 85 mil cruzados novos, mas ninguém sabe para quem foram
pagos. Ver. Adroaldo Corrêa, conheço o Diógenes, foi meu companheiro de
Partido, hoje Secretário dos Transportes, vou fazer o que V. Exas
não fazem pelos companheiros do PDT, duvido que o Diógenes seja ladrão,
corrupto ou que vá aceitar uma comissão para comprar algum ônibus. Espero que a
Bancada do PT desminta essa matéria porque ela é grave, gravíssima. Aliás, o PT
está tendo imensas dificuldades em São Paulo para desmentir aquela notícia dada
pelo Caiado no debate da televisão de que estavam, também, recebendo
comissões....
O
Sr. Adroaldo Corrêa: O Caiado é
quem tem que provar, não o PT que tem que desmentir.
O
SR. DILAMAR MACHADO: Veja só,
Vereador...
O
Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) A denúncia, posso lhe dizer aqui, o
candidato à Presidência de V. Exª se apropriou do dinheiro cubano, mas tenho
que provar, e não faço essa denúncia. Caiado tem que provar.
O
SR. DILAMAR MACHADO: O que foi que
disse o Caiado mesmo? “Para realizar determinada obra numa secretaria tal do
Governo da Prefeita Erundina foi exigida uma comissão para a campanha do Lula”.
Foi o que ele disse, Vereador, lamentavelmente disse, agora eu vou acreditar
que o Partido dos Trabalhadores entre nessa, vai receber 85 mil para comprar um
ônibus! Agora, V. Exas qualificam a Bancada do PDT de roubalheira e
não vêm aqui desmentir, quem assinou esse documento? Onde foi feito esse
boletim? No gabinete de algum Vereador desta Casa ou foi lá na Sebastião Leão
com João Pessoa? Está assinado ali, Partido dos Trabalhadores. Se um dia sair
um boletim do PDT chamando o PT de roubalheira, de ladrão, venho a esta tribuna
e desautorizo, não aceito esse tipo de expressão com companheiros da luta
popular. Estou indignado.
O
Sr. Adroaldo Corrêa: O Líder de V.
Exª publicou um boletim exatamente no mesmo nível.
O
SR. DILAMAR MACHADO: Dizendo que o
Olívio traiu o povo, mas não chamou o Olívio de ladrão. Diz que traiu o povo,
porque comprometeu-se a dar uma passagem congelada, mais barata, e hoje a
passagem de ônibus em Porto Alegre é das mais caras do País, acima da inflação,
e agora, no domingo, já vai para 1 cruzado e 20 centavos, acho que do
continente. O que o Ver. Vieira da Cunha disse, eu assino em baixo, traiu o
povo porque mentiu quando estava na campanha política, dizendo que daria para
Porto Alegre uma tarifa abaixo da inflação e congelada.
O
Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria apenas de registrar, Ver.
Dilamar, a manchete de hoje do jornal Folha de São Paulo que registra: “Caso
Lubeca abre crise no PT.” (Lê.)
“O
caso Lubeca está causando atritos no interior do PT. A Prefeitura e a Câmara
Municipal de São Paulo querem ir até o fim nas investigações. Mas a coordenação
da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva acha que está havendo precipitação na
divulgação de informações sobre o caso.”
Então
vejam V. Exªs que lá no interior, no seio da Bancada do PT, do
Partido dos Trabalhadores, está havendo divergências de como encaminhar, porque
uns querem investigação e outros não querem investigar os fatos envolvendo o
caso Lubeca. Agora, é lamentável que o Ver. Adroaldo Corrêa recorra ao
expediente tão usado pela direita dos dólares de Cuba que usaram para financiar
guerrilha, aliás um instrumento legal que muitos companheiros aqui usaram para
enfrentar a ditadura. É lamentável que um homem que se diz de esquerda venha
usar esses argumentos da extrema direita fascista ao lado do Sr. Caiado.
O
SR. PRESIDENTE: Ver. Dilamar
Machado, a Verª Letícia Arruda cede seu tempo a V. Exª.
O
SR. DILAMAR MACHADO: Eu agradeço à
Verª Letícia Arruda e quero reiniciar este posicionamento à Bancada do PT. Eu
lamento sob todos os aspectos que o PT não tenha tido até agora o cuidado
político, a dignidade política de trazer qualquer irregularidade constatada na
Administração de Prefeito Alceu Collares, sem o cuidado de pelo menos se
pronunciar com aquela cautela devida quando se trata de companheiros da
estatura de Alceu Collares. Eu jamais vou admitir que o Prefeito Olívio Dutra,
o meu conterrâneo, meu amigo de longos anos, vá usar a Administração do
Município de Porto Alegre para roubar do povo para se locupletar. Jamais vou
admitir que algum Vereador do Partido dos Trabalhadores vá usar o seu mandato
para roubar dinheiro do povo para se locupletar. Como jamais admitiria que
alguém ligado ao meu Partido acusasse uma Bancada valorosa como a do PT de um
bando de ladrões, através de um boletim miserável, mau caráter, dizendo que os
Companheiros do PDT fizeram roubalheira na Prefeitura.
O
Sr. Flávio Koutzii: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dilamar Machado, acho que a opinião
sobre o nosso boletim, que é um boletim de responsabilidade do PT, e se ele
fosse apócrifo nós diríamos. Ele, evidentemente, sob o meu juízo pessoal, ele
tem uma linguagem, uma forma de trabalhar que eu não faria exatamente dessa
maneira, mas a responsabilidade política, a qual sou um dos dirigentes, me faz
dizer-lhe que as coisas que nós dissemos com toda calma elas estão todas
documentadas. Eu tenho, um por um dos interessados, as cartas assinadas pelos
interessados no dia 10/09/1988, uma fotocópia...
O
SR. DILAMAR MACHADO: Vereador, mas
esse assunto está no Tribunal de Contas, V. Exª teria paciência de esperar o
julgamento desta irregularidade. Eu também estou aguardando o julgamento do ato
do Ver. Antonio Hohlfeldt, que pagou NCz$ 6.000,00 por uma informação.
O
Sr. Flávio Koutzii: Eu quero deixar
claro que não vamos cair num jogo de palavras. Quando V. Exª fala em gatunagem,
se tem um reparo numa vírgula depois, o que quis dizer é associar à noção de
gatunos e ladrões os Secretários, não nasci ontem e nós sabemos que isto é do
jogo político, podemos mostrar quantas vezes quiser as Atas da oportunidade,
porque eu estava aqui, assim senti, e mantenho a lucidez necessária para, mesmo
quando indignado, perceber o que está sendo feito. O meu procedimento e o
procedimento da minha Bancada é diverso, porque só coloco algo que não tenho a
menor dúvida, que é uma profunda irregularidade, e fico satisfeito que a
Bancada do PDT queira examiná-la também, porque dei um conjunto de documentos
incontornáveis. Provam que havia solicitações por parte das empresas.
O
SR. DILAMAR MACHADO: E porque não
mandaram para a Delegacia de Defraudações e mandaram para o Tribunal de Contas?
O
Sr. Flávio Koutzii: Porque este era
o procedimento mais adequado, mais correto e elevado. Quando houve o incidente
que V. Exª está reinterpretando, analisando com seu entendimento do assunto das
fichinhas, V. Exª diz que: se foi instaurado o inquérito, eu tenho todo o
direito de fazer eco a ele. O que lhe digo: o inquérito foi instaurado, mas V.
Exª não tinha a qualidade de elementos que nós trouxemos. Está é a diferença
ética para que chamamos a atenção.
O
SR. DILAMAR MACHADO: Tinha, tinha
qualidade de elementos. Tinha um saco de fichas forjado, que comprovaram que
estavam sendo utilizadas as fichas das empresas sob intervenção para revender,
isto não tenho a menor dúvida, mas que foi gatunagem, foi. Isto é uma questão
que a Justiça, que a Polícia, que a própria história política deste Município
vai julgar.
Com relação
a estes episódios quero reiterar: conheço Alceu Collares, a sua vida, a sua
luta, a sua dignidade pessoal, por ele assumo desta tribuna a certeza de que
este problema será julgado pelo Tribunal de Contas, e terá, por certo,
definição por quem de direito. O que não posso aceitar mais, não vou aceitar
mais, e permanentemente estarei me rebelando é contra o processo da insinuação.
E não é a primeira vez. O Ver. Flávio Koutzii há alguns meses, quando desta
tribuna acusava a atual Diretora do DEMHAB de agir, arbitrariamente,
autoritariamente, desumanamente contra as vilas populares, demolindo casas de
trabalhadores, como ocorreu no Jardim Vila Nova, demitindo 200 operários do
DEMHAB, como ocorreu, humildes operários, líderes de Vilas Populares, o Ver.
Flávio Koutzii veio para a tribuna e insinuou que lá no DEMHAB tinha algumas
coisas que estavam sendo vistas, eu faço o mesmo desafio que fiz com relação à
insinuação última, traga para esta Casa, traga para esta tribuna, eu não tenho
nada a dever, não tenho problema nenhum, sei o que fiz, respondo pelo que fiz.
Agora não será insinuação, ameaça ou calúnia de boletim do PT que vai me
impedir que sempre que tomar conhecimento de alguma irregularidade da atual
Administração vir a esta tribuna e denunciar, é uma obrigação que tenho como
Vereador. Tenho obrigação de ver e faço com a maior lisura.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dilamar Machado, recebo a informação e fui buscá-la também por telefone, a ATP publica matéria paga amanhã nos jornais desmentindo e pedindo desculpas à Prefeitura e aos interventores da TREVO pela mentira que está colocada no Correio do Povo de hoje.
O SR. DILAMAR
MACHADO: Vejam V. Exas,
como diria um filósofo na rua da Praia, “aí tem”. Publica a matéria num dia sob
a responsabilidade da Associação dos Transportadores, de seu Gerente, afirmando
que foi paga uma comissão de 85 mil para comprar ônibus e no dia seguinte uma
nota oficial desmentindo e pedindo desculpas. Eu dou os parabéns à Bancada do
PT, acho que esta nota esclarece e eu até me conforto, porque eu dizia: conheço
o Diógenes há muitos anos, o Diógenes de 1982, quando o Collares era candidato
a Governador do Estado, andava conosco dirigindo ônibus, do Collares-móvel
aquele, fazendo campanha para o PDT. O Diógenes foi um dos melhores assessores
do companheiro Valneri Antunes nesta Casa, ele tem a formação trabalhista. Eu
não poderia admitir que o Diógenes, embora hoje incluído no quadro do PT e
Secretário Municipal de Transportes fosse sujar sua vida, sua dignidade, sua
luta política inclusive por causa de 85 mil ou 85 milhões de cruzados para
receber comissão de vendedor de ônibus. Fico satisfeito, Vereador Hohlfeldt, é
uma grande informação.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria também, Vereador, fazer uma correção com esta nota da Zero Hora de ontem.
O SR. DILAMAR
MACHADO: Eu não me referi à nota da
Zero Hora de ontem; eu me referi à nota do Correio do Povo de hoje.
O Sr. Antonio
Hohlfeldt: Eu quero completar a
minha informação ao Plenário, em que se pretende dizer que esses ônibus foram
inteiramente comprados por iniciativa de intervenção ou coisa parecida. Então
para que fique nos Anais, dizer que 6 ônibus, são estes 6 que foram
apresentados ontem ou anteontem. Esses ônibus já estavam comprados pelos
empresários e com a situação do início do ano eles ficaram trancados na
fábrica, na SIFERAL, provocando juros, provocando uma despesa desnecessária,
inclusive porque os empresários se negavam a fazer o aval em conjunto com a
intervenção. Quando formalmente se sabe que a intervenção não deve estancar,
impedir nenhum ato de Administração, até porque prejudica o passageiro. Nós
conseguimos contornar esse problema legal, inclusive com a participação do
Judiciário e daí a completar-se a operação de aquisição desses 6 ônibus, que na
verdade o pagamento que se fez foi dos juros desses carros parados e
depositados no pátio da empresa e que agora entram em serviço. Se tomou a
iniciativa de entrar em um consórcio para 21 ônibus novos a serem entregues no
correr deste e do próximo ano. Se a Trevo não os quiser, repassa-se à Carris,
que certamente fará bom uso dos carros. Entendo que a alegação do empresário
Régis Bono é equivocada, porque os ônibus integram a frota de obrigações da
Trevo, na medida em que os ônibus venceram treze anos, foram retirados de
circulação, como manda a lei, e devem ser substituídos obrigatoriamente por
outros carros.
O SR. DILAMAR
MACHADO: Digo a V. Exª que dou
parabéns a V. Exª, que até poucos dias foi Secretário dos Transportes.
Participou ativamente do processo de intervenção das empresas e acho que deve
ser reconfortante para o companheiro saber que tudo não passou de um equívoco.
É doloroso se receber uma ofensa, mas também é reconfortante depois saber-se
que tudo não passou de um equívoco. O que me entristece na atitude do Ver.
Flávio Koutzii, que sei ser um homem digno, de passado político e de grande
personalidade e contra o qual nada se pode dizer, é que S. Exª não tenha tido
cuidado, não teve e não está tendo e não terá de dissociar o que ele qualifica,
junto com o Vice-Prefeito Tarso Genro, de uma eventual irregularidade
administrativa grave, consultando o Tribunal de Contas de um boletim rasteiro
que acusa o PDT de roubalheira. Não houve esta dissociação. Pelo contrário, o
Vereador, na sua inteligência, associou profundamente com esta denúncia que
trouxe hoje, através de dados sobre a venda dos terrenos, cujos recursos,
sabidamente por esta Cidade, foram destinados à construção de Casas da Criança,
creches de grande envergadura, cujo projeto é discutível, até pelo meio
comunitário, se são ou não são solução, mas, de qualquer forma, a intenção do
Prefeito Collares era dotar as vilas mais pobres de Porto Alegre de um conjunto
de creches, chamadas “Casa da Criança”, administradas pela própria comunidade
e, para tanto, foi buscar recursos onde? Exatamente onde a Prefeitura podia
dispor. Aliás, o Prefeito teve um outro procedimento para apurar recursos, que
foi a venda de índices. O nosso ex-Secretário Newton Bággio recorda deste
processo. Porto Alegre, hoje, está chegando ao fim da sua capacidade
financeira. Está esticada a linha. A Administração do Partido dos Trabalhadores
não tem mais recursos para nenhum tipo de obra. O Ver. Omar Ferri, segundo me
consta, ainda não teve atendido o seu pedido de colocar uma lâmpada na sua
casa, a Prefeitura não tem recursos. E a Prefeitura não terá recursos para
pagar o 13° salário aos seus funcionários. Não sei se terá recursos para pagar
a Folha de novembro. E vem aí, por força de uma legislação, que não é aumento,
é um reajuste, 90 dias de atraso dos vencimentos do funcionalismo que deve
andar por volta de 87%, como diz o Ver. Dib. A Prefeitura não tem recursos e um
Prefeito tem que buscar meios de ampliar os seus recursos através da
criatividade. Vender terrenos que eram absolutamente desnecessários ao
Município, passíveis, inclusive, de invasões e utilizados, historicamente, às
vezes, para negócios particulares, eu acho que foi uma grande e excelente,
honesta, medida do Prefeito Collares.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Prefeito Tarso Genro, em exercício, disse que cinco milhões são 8% da arrecadação da Prefeitura. A Prefeitura arrecadou sessenta e dois bilhões e meio, mas não contou para nós. Só o Prefeito deu esses números.
O Sr. Giovani Gregol: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dilamar Machado, não me consta, embora, sem dúvida, é justo afirmar que o Partido de V. Exª não tenha tido abundância de recursos, que passava por tão duras dificuldades financeiras como a nossa. Mas eu queria afirmar a V. Exª que nós nunca cogitamos e nunca cogitaremos como fez concretamente. Felizmente não pôde concretizar o Governo Alceu Collares a venda da orla do Rio Guaíba, Parque Harmonia, Parque Marinha do Brasil, através do famigerado Projeto Praia do Guaíba...
O SR. DILAMAR
MACHADO: Isto não é aparte, é
desaforo. É uma opinião equivocada de V. Exª, uma opinião quadrada,
reacionária, fora da realidade. O Projeto Praia do Guaíba é um dos projetos
mais bonitos da história administrativa desta Cidade. Lamentavelmente o Partido
de V. Exª, obtuso, sepultou o Projeto, com todas as suas nuances. Esta Avenida
Beira-Rio que, por insistência de V. Exª foi fechada pelo Sr. Olívio Dutra, foi
agora reaberta pelo Vice-Prefeito Tarso Genro. Não sei se quando Olívio voltar
não a fecha de novo. Eu fico triste de ver um Vereador de Porto Alegre dizer
que o Projeto Praia do Guaíba é um famigerado projeto, um dos mais lindos
projetos administrativos desta Cidade. E, se Deus quiser, isto será julgado. O
tempo passa, o povo julga. Daqui a duas semanas, temos um plebiscito nesta
Cidade: Lula ou Brizola? Depois eu converso com V. Exª. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Vieira da Cunha, pela Liderança do PDT.
O SR. VIEIRA
DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu acho que nós temos que colocar este debate no seu devido nível
de importância. Aliás, foi o próprio Líder do PT que o colocou nesse nível, ao
dizer, com todas as letras, que os elementos que ele trazia tratavam-se de
indícios de irregularidades. Até anotei aqui. Eu não vejo nada além disso.
Certamente se inaugura, agora, coincidentemente às vésperas das eleições
presidenciais, uma discussão salutar, como são todas as discussões a respeito
de atos praticados por qualquer administração pública. Agora, o que nós do PDT
não podemos admitir – e andou bem o Ver. Dilamar Machado em sublinhar este
detalhe – é que esses indícios de irregularidades, usando a expressão do
próprio Ver. Flávio Koutzii, sejam expostos ao ponto de colocarem em dúvida a
honorabilidade, a honestidade, a retidão de conduta que sempre teve o Prefeito
Collares, nos três anos em que administrou esta Cidade. Aliás, sobre isso há
testemunhas nesta Casa, entre as quais me incluo, outros companheiros que
fizeram parte da sua equipe de governo, do seu Secretariado, somos testemunhas
de que o Prefeito Collares sempre agiu com honestidade nos seus atos
administrativos. Agora, o que quero dizer mesmo é que essa denúncia não é um
fato isolado, Ver. Dilamar, temos que ter a sensibilidade política de apreender
o que está por trás dessa denúncia, às vésperas de uma eleição Presidencial.
Isso faz parte de atitudes que o PT vem tomando, que considero antiéticas,
resultado do seu desespero, sob o ponto de vista eleitoral na cidade de Porto
Alegre. Hoje, ainda, participava, com o Ver. João Motta, de um debate, numa
escola com jovens entre 16 e 17 anos, o Ver. Ferronato estava junto, não quero
usar porcentagem, mas acho que 80% daqueles alunos estavam se manifestando
ativamente à candidatura do Brizola, e isso produz um pânico na administração.
Agora, acho que isso não deveria levar a esse tipo de atitude, o Ver. Koutzii
se vangloria, desta tribuna, de ser um político que sempre age com ética e com
respeito à verdade. O Ver. Koutzii pode agir assim, e sou testemunha de que age
assim, mas o seu partido não está agindo assim, e tenho provas disso, está
sendo antiético na campanha, covarde e inescrupuloso, mentindo à população de
Porto Alegre, e estão aqui os panfletos. O primeiro é esse que o Ver. Dilamar
já se posicionou, e diz assim: “uma mágoa desses senhores – e esses senhores
somos nós, Vereadores do PDT – é que eles não podem fazer nenhuma crítica à
administração do PT, no que se refere à honestidade, todas elas estão livres da
roubalheira que eles tanto fizeram”, então, tem razão o Ver. Dilamar em se
indignar, estamos todos indignados, estão nos chamando de ladrões, cada um de
nós, dos 12 Vereadores do PDT. Aliás, trago aqui, até para informar aos Vereadores
do PT, uma notícia da Folha de São Paulo, do dia 26 de outubro, “Juiz afasta
Prefeito do PT por irregularidades”. Um companheiro do PT. E quem redigiu este
ofício, uma notícia da “Folha de São Paulo” do dia 26 de outubro: “Juiz afasta
o Prefeito do PT por irregularidades”. Companheiro do PT que andou usando
máquinas e equipamentos da Prefeitura para obras em terrenos particulares na
Cidade de Cambuerê a 753 quilômetros de Florianópolis, Santa Catarina. Mas isto
não é o mais grave. O mais grave é este outro panfleto, que eu já tive
oportunidade de falar da tribuna. Estão dizendo aqui que as tarifas aumentaram
durante a Administração do PDT 7.400%, enquanto a inflação ficou em 4.689%. E
arrematam dizendo: este é o resultado do compromisso da administração do PDT
com os empresários. Está aqui. Eu já trouxe várias vezes, vou trazer de novo à
tribuna. A inflação oficial do IBGE no triênio 1986, 1987, 1988 é de 8.274,49%.
Então, isto é mentir para a população. Isto é ser inescrupuloso. Isto é ser
antiético. Isto é ser covarde. Isto é como o PT está agindo em Porto Alegre,
nas eleições presidenciais. Então, eu finalizo, Sr. Presidente, dizendo que
esses panfletos do PT não podem ser comparados com esses de minha autoria,
porque isto que está aqui eu assumo. O PT traiu o povo? Traiu o povo, porque
fez promessas que não tem cumprido no transporte coletivo. Aliás, é o próprio
Antonio Hohlfeldt, que na sua famosa carta faz eco às preocupações da Bancada
do PDT nesta Casa, em relação ao transporte coletivo na Cidade. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Flávio Koutzii, em tempo de Liderança.
O SR. FLÁVIO
KOUTZII: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, quero deixar claro que quando eu me referia a indícios, eu referi o
desenvolvimento da minha intervenção quando os fui acumulando. No meu entender,
a conclusão a que nos leva o conjunto de documentos, meticulosamente
analisados, alinhavados e de sustentação das afirmações aqui feitas é que houve
irregularidade. Não tem nenhuma dúvida. Houve irregularidade. Há uma clara
irregularidade no resultado. O terreno foi vendido pela metade do seu valor. Eu
usei a palavra indícios para mostrar que o cenário está completamente
construído, fora a CAI (Comissão de Alienação de Imóveis), fora a SMOV, prolongação
do prazo e finalmente o não-respeito à questão do edital e do valor oteenizado.
É isto que eu disse aqui, detalhadamente, para que fique clara a sustentação da
minha afirmação. Em segundo lugar, se o Ver. Vieira da Cunha ou o Ver. Dilamar
não acham que documentos em posse da Prefeitura, com cartas solicitando a
compra do terreno, anteriores ao dia 12, são documentos de valor, eu não sei o
que é que são. É um dado muito importante. O que queremos reiterar desta
tribuna é que também da nossa parte há motivos de indignação, e muito grande.
Por que se na opinião do Ver. Vieira da Cunha, trair o povo pra ele está tudo
bem, para nós está tudo mal. Quando um demagogo fala – e o Ver. Vieira da Cunha
deu demonstrações freqüentes de demagogia compulsiva, desde as rasgações de
papel até a entrega de carteirinhas com muita ética; saiu correndo, rápido,
para entregar a carteira para entrar nos estádios para o Hofmeister, o que lhe
valeu uma evidente reserva por parte de todos os Vereadores - o que gostaria de
dizer é que a nossa opinião sobre o que é trabalhar do lado do povo, o que é
construir uma sociedade diferente neste País, passa por métodos diferentes dos
do seu Partido Vereador. É da discussão política, é da divergência. Agora não
venha trazer à tribuna a noção de que as suas opiniões sobre o que é ético; as
suas opiniões do que está bem dizer e não vale indignar, isto, tudo bem. Mas as
críticas ao Partido dos Trabalhadores não, essas são excessivas. Não tenho
nenhuma razão para aceitar isso, nós representamos visões da política
diferentes, visões da construção e organização do movimento popular diferentes.
Temos coisas em comum: contra a direita, sim, mas é verdade que aqui mesmo
nesta Casa determinados procedimentos foram muito notados e, conhecidas as divergências
entre o PT e o PDS, aqui aconteceu, da tribuna, do Ver. João Dib, pensar
primeiro na Cidade e segundo na divergência política que ele possa ter conosco.
Não é isso o que acontece aqui todo o dia. E a nossa indignação, Vereador, que
está sendo escamoteada neste debate, é sobre o conjunto de ataques
sistemáticos, permanentes, com grande violência, com uma linguagem muito
agressiva e que nós respeitamos divergir profundamente. Então, eu acho que há
um excesso de suscetibilidades de vossa parte e de sua Bancada. A divergência
política, quando é radical, é radical; as palavras expressam a diferença no
nível que ela tem. Então, que fique claro, isso aqui foi feito com um padrão o
qual entendemos que é o sério, eu não reconheço o mesmo critério em coisas
anteriores feitas aqui, e não é um jogo de palavras, com grande inteligência e
habilidade do Ver. Dilamar, que vai mudar as coisas e a sua lógica. Não é
brincadeira. E eu encerro com isso, Sr. Presidente, o que está em jogo é o
Projeto tão querido e respeitável, aliás, da vossa Bancada. O dinheiro era para
construir 100 casas da criança, não deu, parte dele foi para pagar salários,
não é culpa de ninguém, é a crise de finanças do Município. Mas 9 ou 10 casas
foram realmente construídas, teria sido pelo menos o dobro, já que não foram
100, se este dinheiro fosse, integralmente, recolhido pelo Município.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 2°
Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação
de “quorum”.
O SR. 2°
SECRETÁRIO: (Após proceder à
chamada.) Há 18 Vereadores presentes, Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE: Há “quorum”, passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA
PROC. N° 1464/89 – VETO TOTAL
ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 059/89, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que inclui, no currículo escolar da
rede de ensino municipal de 1° grau, matéria relativa ao direito de voto aos
jovens maiores de 16 anos e dá outras providências.
Pareceres:
- da CEC. Relator Ver. Wilson Santos: pela rejeição do
Veto Total.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 059/89, com Veto Total.
Com a palavra, o Ver. Wilton Araújo.
O SR. WILTON
ARAÚJO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, vemos com grande surpresa que a Casa se depara com o Veto Total a
esse Projeto que teve aprovação por grande maioria da Casa e que nada mais é do
que gizar, tentar dar importância, tentar trazer uma real relevância à questão
do voto aos 16 anos no currículo escolar e no conteúdo das matérias que dizem
respeito à formação política e social dos nossos estudantes. O projeto era
singelo, mas de grande alcance, e com pouca satisfação a Casa vê o Veto Total o
que demonstra, evidentemente, uma contradição muito forte, muito grande da
Administração. Desde o início, quando lutávamos pelas eleições diretas e aí
lutamos na mesma trincheira com quase todos os Partidos aqui presentes – todos
os Partidos eu diria, e vem a Administração popular que, representada na Casa
por 3 Partidos, o PCB, o PSB e o PT, veta Projeto que tem a intenção de, na escola,
nós podermos dar toda a importância que esse voto que nós estamos agora
pertinho, bem pertinho, bem próximo de transformar a realidade – quem sabe está
aí, embora o número tão pequeno de pessoas de 16 a 18 anos que se inscreveram
para votar. Acho que na mão deles vai estar, nas próximas eleições, a decisão
pelo grande número de inscritos que nós vamos ter, se é claro nós conseguirmos
conscientizar, provocar, no bom sentido, essa legião enorme de estudantes na
faixa acima de 16 anos.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Wilton Araújo, já tive oportunidade de discutir pessoalmente com V. Exª o conteúdo do seu Projeto e a restrição que nós colocávamos já quando da votação, que julgávamos que a própria Secretaria de Educação, e como acabou acontecendo, o governo municipal apõe no seu Projeto no que ele disciplina. No art. 1° V. Exª propõe que seja incluída matéria relativa, e nós tínhamos a visão de que deveria ser proposta a questão de conteúdo em disciplina ou matéria, porque na verdade matéria ou disciplina é competência da Lei de Diretrizes e Bases do Conselho Federal de Educação.
O SR. WILTON
ARAÚJO: Gostaria, para enriquecer o
nosso debate, de pedir que V. Exª também lesse o art. 2°.
O Sr.
Adroaldo Corrêa: Sim, mas o segundo
ele não exclui o 1°, que diz exatamente isto. V. Exª cria uma nova disciplina.
O SR. WILTON
ARAÚJO: É um entendimento, no meu
modo de ver equivocado, não só de V. Exª. A intenção é de se incluir, no
conteúdo disciplinar que será elaborado – está escrito no art. 2° - pelo órgão
municipal competente, gizar a importância do voto aos 16 anos.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu estou lendo, aqui, um Projeto de Lei do Ver. Adroaldo Corrêa – não sei se já foi citado isso – em que o Vereador propõe a inclusão, no currículo escolar da rede municipal de ensino de 1° e 2° graus, na disciplina de História, de matéria relativa ao estudo da raça negra. O Ver. Adroaldo Corrêa, no seu Projeto, diz o seguinte: “É verdade que já existe a possibilidade, no currículo escolar, que se aborde, com os estudantes, a história da escravatura e da abolição”. Mas ele insiste em que se faça o estudo curricular. Então, eu vejo, com uma certa curiosidade, que o Ver. Adroaldo Corrêa, para o Projeto dele, quer uma coisa, para o Projeto de V. Exª quer outra. Então, eu vou votar a favor dos dois: do seu e do dele.
O SR. WILTON
ARAÚJO: Agradeço pelos apartes e
vejo, com satisfação, um Projeto encaminhado pelo Ver. Adroaldo Corrêa. Subscrevo
as intenções desse Projeto e tenho certeza de que vamos ver aprovado o Projeto
do Ver. Adroaldo Corrêa, com o qual eu me congratulo pela brilhante idéia. Mas,
dada a similaridade dos dois Projetos, é, verdadeiramente, de se estranhar.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Até tinha-me inscrito para falar sobre essa questão e ia dizer exatamente isso: do nosso ponto de vista, nós estamos destacando um conteúdo em uma disciplina. E o motivo do meu aparte foi que o Ver. Artur Zanella salienta a Ementa, que não é o que nós propomos dentro do Projeto. O Projeto diz: “Incluir conteúdo em disciplina de História”.
O SR. WILTON
ARAÚJO: A intenção, me parece, é
bem clara nos dois Projetos. O que é inegável é que tanto o seu quanto o meu
Projeto têm méritos e são necessários na medida em que tanto o voto aos 16 anos
– lamentavelmente, a nossa legião de jovens foi tão pouco conscientizada, que
não se inscreveu no Tribunal Regional Eleitoral para votar, apesar das campanhas
que tanto o Partido de V. Exª como o meu Partido desenvolveram na rua, na
tentativa de conscientização. Isso não se pode deixar, essa questão deve ficar
bem clara. Lamento, dada às intenções do Projeto, dada a clareza com que foi
discutido nesta Casa, que tenha havido o Veto. Vamos solicitar que a Bancada do
PT e as outras que defendem a Administração se reposicionem, dado o mérito do
Projeto. É claro que toda a lei pode ser emendada, talvez tenha havido uma
interpretação dúbia, mas devemos salvar os méritos do Projeto que,
infelizmente, foi totalmente vetado. Acho que aí cometemos o erro maior e
solicitaria o repensar dessa Bancada para que, num segundo momento, se for o
caso, possamos emendar o Projeto. Acho que a Casa e, especialmente, este
Vereador, daria apoio a qualquer tipo de emenda que não trocasse o sentido e o
significado do Projeto e da intenção que a Casa teve até o momento. Fica o
apelo e tenho a certeza de que os demais Vereadores das outras Bancadas, que já
aprovaram o Projeto, que sabem que o Projeto tem essa intenção, e que vai
trazer, sem dúvida nenhuma, para os nossos estudantes algo importante, algo
fundamental, que é poder participar, com consciência, da vida política,
ajudarão a derrubar o Veto oposto num Projeto que tem méritos muito grandes.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O próximo inscrito é o
Ver. Adroaldo Corrêa.
O SR.
ADROALDO CORRÊA: Desisto, Sr.
Presidente.
O SR.
PRESIDENTE: Encerrada a discussão.
Solicito ao Sr. 1° Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores
para nova verificação de “quorum”.
O SR. 1º
SECRETÁRIO: (Após proceder à
chamada.) Não há “quorum” Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE: Ficam registradas as
presenças dos Vereadores Airto Ferronato, Décio Schauren, Flávio Koutzii,
Adroaldo Corrêa, Gert Schinke, Giovani Gregol, João Dib, João Motta, Valdir
Fraga, Vicente Dutra, Wilson Santos, Lauro Hagemann e Antonio Losada.
Estão
encerrados os trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 16h11min.)
* * * * *